O tamanho de Anápolis nas eleições de 2022 vai muito além dos seus já consideráveis 274.885 eleitores aptos a votar.
O tamanho de Anápolis nas eleições de 2022 vai muito além dos seus já consideráveis 274.885 eleitores aptos a votar. Os políticos que vivem na cidade, a influência que ela exerce na região, entidades fortes, líderes religiosos atuantes e produção econômica pujante são algumas características que reforçam seu protagonismo nas campanhas.
Em 16 de dezembro, ao participar da entrega da Comenda Henrique Santillo, evento da Câmara Municipal, o governador Ronaldo Caiado (DEM) foi claro ao ressaltar a importância política de Anápolis. “Goiás vai brilhar sempre com a presença dessa cidade que é um divisor de águas em todas as campanhas eleitorais”, disse o mandatário em entrevista coletiva.
Alguns dias depois, no encerramento do Natal de Coração na Praça Bom Jesus, Caiado voltou a fazer declarações que confirmam o peso que dá à sua cidade natal, ao agradecer publicamente ao prefeito Roberto Naves (PP) pelo apoio que lhe “ajudou a garantir a governabilidade”.
A atuação de Naves nas articulações de bastidores serve para atrair as atenções para Anápolis em 2022. Naturalmente o prefeito é o principal líder político da cidade, mas a capacidade do atual chefe do Executivo em dialogar e firmar alianças, uma característica importante para que conseguisse, inclusive, sua reeleição, o coloca como um dos protagonistas do processo eleitoral do ano que vem.
Mas não é apenas isso. Roberto Naves é o principal prefeito do PP goiano, partido liderado pelo ex-ministro Alexandre Baldy, nome que interessa muito a Caiado e ao seu grupo na composição da chapa à reeleição do governador.
Já está claro que Roberto faz parte do núcleo que definirá os nomes do PP que vão para campanha. Isso coloca Anápolis no centro do debate. Além disso, a atuação do prefeito estimula candidaturas a deputado de nomes fortes, logo com condições de vencer nas urnas, o que daria maior representatividade da cidade em Goiânia e Brasília. Mais parlamentares significa força política que gera um ciclo positivo cujo principal ponto é fazer com que as demandas locais sejam prioridade.
Espera-se cada vez mais a presença de Caiado em Anápolis. O governador nasceu na cidade, portanto usará esse fato na hora de pedir os votos novamente à população. Em um novo ano em que o mandatário já disse esperar ter mais condições de realizar obras e outros benefícios, Anápolis passa a ser um destino importante de investimentos estaduais.
Nesse cenário, o ex-ministro Alexandre Baldy também se apresenta como representante anapolino, afinal tem empresas no Daia e disputou sua primeira eleição, para deputado federal, vitoriosa, com domicílio eleitoral anapolino. Fica claro que quando ele começar a pedir votos para senador começará pela cidade.
Baldy tem construído sua carreira política de forma independente. Exemplo disso é que foi ministro na gestão do presidente Michel Temer (MDB), secretário no governo de João Doria (PSDB) e, recentemente, foi cotado para um cargo no Ministério da Economia de Jair Bolsonaro (PL). Sua proximidade com os principais líderes nacionais do PP foi demonstrada no aniversário de Anápolis, em julho, quando trouxe para um evento local Arthur Lira, Ciro Nogueira e Fábio Faria.
Outra liderança nacional que faz Goiás voltar os olhos para Anápolis é Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central e ex-ministro, pré-candidato a senador pelo PSD, o banqueiro deve registrar novamente seu domicílio eleitoral na sua cidade natal.
Além disso, qualquer decisão do PT em Goiás sairá de Anápolis. O deputado federal Rubens Otoni é quem cuida de colocar em prática as decisões da cúpula nacional em solo goiano. Também é de Anápolis outro nome importante do PT, o deputado estadual Antônio Gomide. Ambos são candidatos à reeleição e serão os principais nomes de Lula na cidade na campanha para a presidência da República.
A sociedade anapolina é composta por entidades classistas que procuram exercer certo protagonismo na vida pública. A mais emblemática delas é a Associação Comercial e Industrial de Anápolis (Acia), a mais antiga em atividade em Goiás no segmento. Os empresários que compõem a Acia costumam discutir abertamente os problemas da sociedade, fazendo cobranças diretas aos governantes. Em eleições estaduais, todos os candidatos a governador são sabatinados pela Acia – o evento acaba sendo importante devido ao grande poder de mobilização da entidade junto à mídia.
O bispo da Diocese de Anápolis, dom João Wilk, lidera os católicos em 19 cidades e embora não participe diretamente da eleição, tem poder de orientar fieis em relação às práticas políticas condenáveis para a igreja. As lideranças franciscanas também são fortes em Anápolis. Há também pastores evangélicos que lideram denominações com milhares de seguidores, com ramificações em outros municípios. Em muitas igrejas evangélicas, há a escolha da direção por uma candidatura, inclusive abrindo espaço para a apresentação de propostas durante o culto. O direito de subir no púlpito e ser ouvido por centenas de pessoas e ainda por cima avalizado pelo líder religioso é desejo de todos os candidatos.
Grandes nomes do PIB goiano estão em Anápolis. Embora a forma de arrecadação para as campanhas tenha mudado, ainda é importante para os candidatos terem um bom trânsito com empresas que possam abrir suas portas para a campanha, pois dentro delas há centenas de funcionários-eleitores. Em um momento que a população está rechaçando os políticos, colar a imagem a empresários bem sucedidos, geradores de emprego e renda, faz bem ao candidato.