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Moradores relatam desespero e espera de até oito horas por atendimento em unidades de saúde de Goiânia e Aparecida

Secretarias reconhecem aumento da demanda por consultas e pedem que casos menos graves sejam levados às UBSs. Imagens mostram salas de espera lotadas e pessoas aguardando no chão.

Pacientes e acompanhantes que foram a algumas unidades de saúde públicas de Goiânia e Aparecida de Goiânia, na segunda-feira (27), relataram horas de espera para conseguirem ser atendidos e demonstraram desespero diante da situação. Alguns relataram que ficaram até oito horas aguardando. Imagens mostram salas de espera cheias de pacientes.

As secretarias municipais de saúde das duas cidades reconheceram que houve aumento da demanda de atendimentos: muitas pessoas principalmente com sintomas de gripe, dengue ou Covid-19.

Na capital, a pasta disse que as escalas estão completas, mas que lida com troca de funcionários. Já Aparecida anunciou que vai abrir as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) para atendimentos sem agendamento (por livre demanda) – leia posicionamentos completos ao fim da reportagem.

Autônomo Dylkues Frank com a filha esperando atendimento pediátrico — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Autônomo Dylkues Frank com a filha esperando atendimento pediátrico — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

O autônomo Dylkues Frank disse que levou a filha bebê ao Cais Campinas, em Goiânia, por volta das 10h. No entanto, ele disse que foi aconselhado a ir a outras três unidades de saúde. Sem conseguir atendimento, a família voltou à primeira opção e esperou até a noite.

A situação de não saber o que a filha tem e ter que procurar atendimento em tantos lugares diferentes desgastou o pai, que se mostrou desamparado.

“Eu fico sem saber o que eu faço, esperando a boa-vontade deles. Eu não vou embora para ver minha filha morrer em casa. Eu prefiro tentar fazer alguma coisa para ajudar”, disse.

No mesmo local, a cuidadora de idosos Andreia Ribeiro disse que também esperou cerca de oito horas por atendimento.

“Cheguei umas 9h20, estava bem lotado, os funcionários já bastante estressados, sendo grosseiros com os pacientes”, relatou.

Já no Cais Cândida de Moraes, a autônoma Crisla Queiroz desabafou sobre a dificuldade de conseguir um atendimento para a mãe.

“Eu estou desesperada, eu não sei o que eu faço mais. A gente está pedindo socorro. Socorro!”, disse.

Imagens feitas na UPA Buriti Sereno e na UPA Brasicom, ambas em Aparecida de Goiânia, mostram as salas de espera lotadas. Pacientes que estavam no local relataram à TV Anhanguera que esperaram quase oito horas pelo atendimento – alguns disseram que chegaram 9h30 e só foram atendidos após as 17h, outros que chegaram às 12h só teriam recebido atendimento às 20h.

Dificuldades e medidas

O prefeito de Aparecida de Goiânia, Gustavo Mendanha (sem partido), publicou nas redes sociais uma mensagem informando que, a partir de quarta-feira (29), as UBSs vão atender a pacientes mesmo sem horário agendado (ou seja, por livre demanda), com o objetivo de desafogar as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e Centros de Atendimento Integral da Saúde (Cais).

Prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha fala sobre desafogar unidades de saúde — Foto: Reprodução/Twitter

Prefeito de Aparecida de Goiânia Gustavo Mendanha fala sobre desafogar unidades de saúde — Foto: Reprodução/Twitter

Superintendente da Secretaria Municipal de Saúde da cidade, Gustavo Assunção reconheceu que o tempo de espera por atendimento nas unidades é de cinco a oito horas. Segundo ele, a pasta reconhece a demora e por isso se preparou para tomar a medida anunciada pelo prefeito.

“A gente notou o aumento de 35% na procura por atendimentos de urgência e emergência. […] Nenhum gestor gosta de ver essas imagens dos pacientes deitados no chão, mas acreditamos que foi uma situação pontual e amanhã começa esse atendimendo das UBSs”, disse.

A SMS de Goiânia também está direcionando alguns atendimentos para as UBSs. Segundo a pasta, as pessoas que tiverem sintomas leves podem procurar essas unidades, desafogando os espaços de atendimentos de urgência e emergência.

Leia nota na íntegra:

A Secretaria de Saúde de Goiânia reconhece o transtorno enfrentado pela população que tem buscado atendimento de urgência na capital.

É um momento desafiador para as equipes da saúde também. Além da grande demanda, principalmente por pacientes com dengue e gripe, desde a semana passada há um enorme esforço para repor os trabalhadores que estão tendo seus contratos temporarios encerrados e que, por lei, não podem ser prorrogados.

As escalas médicas estão completas, mas dezenas de outros profissionais estão sendo substituídos, o que tem interferido também no tempo de atendimento. A expectativa é de que nos próximos dias tudo volte à normalidade.

Para dar celeridade ao atendimento, a secretaria está remanejando trabalhadores de outras áreas para reforçar as equipes nas unidades de urgência. Para desafogar um pouco as UPAs, Cais e Ciams, a secretaria solicita também que a população busque atendimento nas Unidades Básicas de Saúde e que somente os casos mais graves procurem as unidades de urgência.