Ano eleitoral e Anápolis, com seus 277 mil votos, é tomada por candidatos a deputado, novatos ou veteranos em busca da reeleição.
Ano eleitoral e, claro, os candidatos voltam suas atenções para colégios importantes como Anápolis, com seus 277 mil votos. A cidade, claro, é tomada por rostos novos, que nem imaginam para que lado é a Vila Jaiara ou só pisaram no Daia para visitar uma empresa na época em que elas podiam financiar campanhas ou, no máximo, cruzaram a Avenida Brasil.
Há dois tipos desses políticos entre os candidatos a deputado. O primeiro deles é aquele que arruma um ‘aliado’ local. Pode ser um vereador, suplente de vereador ou presidente municipal de partido. O sujeito dá um jeito de conseguir alguns votos através desse fiador, mas, uma vez eleito, esquece quem propagou seu nome na cidade e, mais grave, ignora as demandas da população.
É fácil identificar esse tipo. Nas entrevistas ele fala de Anápolis com um conhecimento raso, mais superficial do que Wikipédia. O político em busca dos votos dos anapolinos sempre cita a industrialização do município, mas desconhece os desafios dos últimos anos, como a recém-conquista de novas áreas no Daia e a necessidade de um trabalho frequente de qualificação das pessoas para que ocupem os melhores empregos no distrito.
Por falar nisso, em julho do ano passado, deputados da cidade se mobilizaram na Assembleia Legislativa – ao lado da bancada governista – em uma corrida contra o tempo, para aprovar projeto de lei que transferia parte da área da Plataforma Logística Multimodal para a Codego (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Goiás). O objetivo: ampliar o Daia, garantindo assim a vinda de novas empresas (leia-se empregos) para a cidade.
A demanda local, histórica e importante, teve votos contrários, além de tentativas de atrasar o projeto com pedidos de vistas nas comissões.
Nomeado relator na Comissão Mista que analisou matérias naquele momento de sessões extraordinárias na Alego, o deputado Amilton Filho (SD) teve que não apenas correr atrás para emitir o parecer técnico favorável à transferência das áreas da Codego com a urgência que o momento exigia, mas também articular para neutralizar deputados que queriam postergar a sua aprovação.
Três parlamentares pediram vista do projeto do governo na Comissão Mista: Delegada Adriana Accorsi (PT), Major Araújo (PSL) e Lêda Borges (PSDB). Acabaram devolvendo o texto sem qualquer manifestação. Mais tarde, já na votação em plenário, outros cinco deputados se juntaram ao trio para votar contra a proposta que permitirá a expansão do Daia: Alysson Lima (SD), Cláudio Meirelles (PTC), Delegado Humberto Teófilo (PSL), Delegado Eduardo Prado (DC) e Talles Barreto (PSDB).
Outro tipo comum de candidato que tenta arranjar votos de anapolinos é aquele que usa de propaganda. Envia um jornalzinho com suas ações, via mala direta, para as casas dos anapolinos ou, suprassumo do distanciamento, espalha outdoors com seu rosto e alguma frase que tenta despertar a atenção do cidadão local.
Um exemplo recente é do deputado estadual Cairo Salim (PROS). Outdoors do parlamentar foram colocados em diferentes pontos de Anápolis. Parece ser uma estratégia de convencimento do eleitor, embora pouco eficaz, mas não deixa de chamar a atenção para o tipo de tratamento que ele escolheu dar para uma cidade cujos habitantes são politizados e bairristas, ou seja, defendem os interesses do município.
Cairo Salim teve 390 votos em Anápolis na eleição de 2018, mas não destinou um real das suas emendas impositivas para a cidade no orçamento do Poder Executivo de 2022. Ele faz parte da lista de 29 deputados estaduais, entre os 41, que não reservaram recursos para os anapolinos para esse ano.
Cada deputado estadual de Goiás teve garantida uma cota de R$ 9.439.024,39 para emendas impositivas a serem colocadas no orçamento do Governo de Goiás em 2022. O recurso, individual e de execução obrigatória, é usado para que o parlamentar destine obras e serviços para suas bases.
Embora todos os deputados tiveram votos em Anápolis na eleição de 2018, nem todos se lembraram da cidade na hora de definir suas emendas impositivas. No início do ano a reportagem do DM Anápolis fez um estudo detalhado da Lei Orçamentária Anual (LOA), um processo com 1.140 páginas.
Em relação às emendas impositivas, 70% dos recursos devem ser direcionados, obrigatoriamente, às áreas de Saúde e Educação. Os 30% restantes poderão ser aplicados em qualquer outra área à escolha do parlamentar.
Além de Cairo Salim, os seguintes deputados não destinaram emendas impositivas para Anápolis, embora tiveram votos na cidade: Álvaro Guimarães (DEM), Bruno Peixoto (MDB), Charles Bento (PRTB), Chico KGL (DEM), Cláudio Meirelles (PTC), Delegado Eduardo Prado (DC), Dr. Antônio (DEM), Francisco Oliveira (PSDB), Hélio de Sousa (PSDB), Henrique Arantes (MDB), Henrique César (PSC), Humberto Aidar (MDB), Iso Moreira (DEM), Júlio de Pina (PRTB), Karlos Cabral (PDT), Lêda Borges (PSDB), Lissauer Vieira (PSB), Lucas Calil (PSD), Paulo Cezar (MDB), Paulo Trabalho (PSL), Rubens Marques (PROS), Sérgio Bravo (PROS), Talles Barreto (PSDB), Thiago Albernaz (SD), Tião Caroço (DEM), Wagner Neto (PROS), Wilde Cambão (PSD) e Zé Carapô (DC).