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Queiroga chama vacinação em adolescentes de ‘intempestiva’ e culpa estados

Ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, fala à imprensa no ministério da Saúde, sobre a vacinação contra o covid-19

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou hoje que a aplicação da vacina contra covid-19 em adolescentes foi feita de maneira “intempestiva” e criticou estados por não seguirem as orientações federais. “Estados e municípios iniciaram essa vacina antes, até no mês de agosto, vacina que era para começar ontem”, disse ele durante entrevista coletiva. “Como conseguimos coordenar a campanha dessa forma?”

Segundo Queiroga, estados estariam aplicando vacinas de outros fabricantes além da Pfizer, que é o único autorizado pela Anvisa para menores de idade. “Sigam a recomendação do PNI [Plano Nacional de Imunização], não apliquem vacinas que não têm autorização da Anvisa”, disse. “Não vamos aceitar isso. Temos compromisso com todos os brasileiros, mas em especial com os adolescentes, que são o futuro dessa nação”. Segundo ele, quase 3,5 milhões de adolescentes já receberam o imunizante. “Três milhões e meio que receberam a vacina de forma intempestiva”, classificou.

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que uma série de motivos pesaram para que a pasta resolvesse revisar a recomendação e suspender a vacinação de adolescentes sem comorbidades.

Segundo Queiroga, foram identificados 1,5 mil eventos adversos em adolescentes imunizados. Todos eles foram de grau leve. Foi notificado um caso de morte de um jovem em São Paulo, mas o episódio ainda está sendo investigado para avaliar se a causa foi o imunizante.

O ministro reclamou que, a despeito da orientação anterior para que a imunização deste público tivesse início ontem (15), já foram vacinados 3,5 milhões de adolescentes por autoridades locais de saúde.

Ele acrescentou que houve diversos casos de prefeituras que aplicaram vacinas não autorizadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A agência só permitiu o uso da Pfizer/BioNTech para adolescentes de 12 a 17 anos. Nos registros do Ministério da Saúde, entretanto, dados enviados pelos estados mostram este público sendo imunizado com outras vacinas.

“Em relação aos subgrupos, as evidências estão sendo construídas. O NHS [SUS do Reino Unido] restringiu a vacinação nos adolescentes sem comorbidades. Aqueles que já tinham sido imunizados com 1ª dose se recomendou parar por ali”, disse Queiroga.

A secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19, Rosana Leite, mencionou também orientação da Organização Mundial de Saúde sobre o assunto.

“A OMS não recomenda, mas sugere que pode se pensar [na vacinação de adolescentes] a partir do momento que tenha vacinado toda a população, principalmente as mais vulneráveis, com duas doses”, disse.

Perguntados se a suspensão da vacinação teria relação com a falta de vacinas, os representantes do ministério descartaram essa hipótese e afirmaram que não há problema de abastecimento de doses no país. “Não falta vacina. Será que elas foram utilizadas de forma inadvertida? Provavelmente”, sugeriu a secretária Rosana Leite.  

Sem segunda dose

Diante da suspensão, os adolescentes sem comorbidades que receberam a primeira dose não devem ter a aplicação da segunda dose. A orientação de interromper a imunização vale também para aqueles com comorbidades que tomaram a primeira dose da AstraZeneca ou CoronaVac.

Apenas os adolescentes com comorbidades imunizados com a Pfizer/BioNTech na primeira dose podem seguir com o processo de imunização e completar o ciclo vacinal, procurando os postos para receber a segunda dose.