Governador Ronaldo Caiado diz que atuará como “diplomata” para superar divergências entre aliados em sua cidade natal, principalmente entre Progressistas (PP) e MDB.
O governador Ronaldo Caiado, presidente estadual do Democratas, afirmou que vai atuar como “diplomata e pacificador” para superar divergências entre aliados em Anápolis, sua cidade natal e terceiro maior colégio eleitoral do Estado.
Em entrevista à rádio Manchester/AM durante visita a Anápolis, na segunda-feira (27), o governador disse que nunca precisou de “porta-voz” na cidade. “Eu posso dizer hoje que, aos meus 72 anos de idade, eu sou um diplomata. Eu sou um pacificador e, como tal, eu saberei administrar muito bem todas as dificuldades para que a gente chegue a um único objetivo: o bem do povo do goiano”, ressaltou.
O governador foi questionado sobre a possibilidade de intensificação da presença no município do próprio Daniel Vilela, pré-candidato a vice-governador na chapa pela qual ele pretende disputar a reeleição. “Quem é anapolino sou eu. Anápolis vai trocar o governador Ronaldo Caiado, que é governador e anapolino? Eu sou anapolino. A vida inteira fui eu que sempre representei Anápolis, que tem hoje o governador do Estado. Nunca me omiti das ações em Anápolis, nunca precisei de porta-voz em Anápolis”, respondeu.
Divergências
O MDB de Daniel Vilela, que lançou em 2020 o odontólogo Márcio Corrêa à prefeitura, tem feito críticas à gestão de Roberto Naves, o que tem irritado o prefeito e a direção estadual do Progressistas.
“Ronaldo Caiado é o melhor para Goiás: superou as dificuldades e agora está apresentando resultados. Ele tem a minha admiração e apoio. Já Daniel, até agora, trouxe mais problemas do que solução”. A opinião foi externada pelo prefeito Roberto Naves à coluna Giro, de O Popular. Precisamos saber se ele veio por convicção ao projeto para compor o nosso grupo ou se veio por oportunismo para tentar o caminho mais curto para ser governador. Ele não representa o legado de Iris, quem representa este legado é a Ana Paula e a Dona Iris”, completou Naves.
Os líderes do Progressistas reclamam que o MDB, mesmo sendo convidado para integrar a chapa majoritária da base aliada às eleições de 2022, com Daniel Vilela como candidato a vice-governador de Ronaldo Caiado, faz oposição ao prefeito Roberto Naves na Câmara Municipal de Anápolis, através das vereadoras Seliene da Sos e Dra. Trícia Barreto.
O presidente do PP em Goiás, Alexandre Baldy, reforça as críticas de Roberto Naves aos aliados de Daniel Vilela: “Nas últimas semanas o MDB tem se postado como forte oposição ao prefeito Roberto Naves. Que aliança é esta?”, indaga, em nota publicada pela coluna Giro, de O Popular.
Alexandre Baldy, que faz referência à atuação recente de Daniel Vilela junto a seu partido, o PP: “Reaproximar o PP do governo é construir um grupo político para estar junto até as eleições. Mas sendo o MDB oposição ao nosso maior prefeito, maior prefeito da base do governador, não há como ter grupo formado.”
O MDB prepara a candidatura de Márcio Corrêa à Assembleia Legislativa nas eleições do ano que vem. Já a base do prefeito Roberto Naves vai apoiar a reeleição do deputado estadual Amilton Filho (Solidariedade).
Márcio Corrêa, adversário de Roberto Naves em 2020 e presidente do MDB de Anápolis contra ataca na coluna Giro, de O Popular: “O prefeito está sendo pequeno, paroquial e oportunista. Ataca gratuitamente Daniel Vilela para forçar nosso apoio à administração dele”.
Queixas
Desde que foi anunciado como candidato a vice-governador na chapa de Ronaldo Caiado, em 24 de setembro último pelo governador, Daniel Vilela passou a ser alvo de críticas de adversários, principalmente de ex-emedebistas expulsos em 2019 por ter apoiado o democrata na disputa pelo Palácio das Esmeraldas em 2018.
O prefeito de Catalão, Adib Elias (ex-Podemos, sem partido), e o ex-prefeito de Goianésia Renato de Castro (DEM) não escondem contrariedade com a escolha do presidente estadual do MDB, Daniel Vilela como candidato a vice-governador na chapa da base aliada para 2022. Ernesto Roller, ex-prefeito de Formosa e secretário estadual de Governo, que se desfiliou do MDB, em 2019, antes de ser expulso, também ficou contrariado com o radicalismo político de Daniel Vilela.
Os prefeitos Paulo do Vale (Rio Verde) e Fausto Mariano (Turvânia), mesmo expulsos do MDB, se reconciliaram, este ano, com Daniel Vilela, hipotecando apoio à pré-candidatura do filho de Maguito Vilela.
O presidente da Assembleia Legislativa Lissauer Vieira (PSB), um dos aliados de primeira hora do Palácio das Esmeraldas, também não esconde contrariedade com a escolha de Daniel Vilela para a candidatura de vice na chapa de Ronaldo Caiado.
O governador Ronaldo Caiado fecha o ano de 2021 com as contas em dia e dinheiro no orçamento de 2022, para investir no último ano do seu primeiro governo. Compõe o rol de prioridades de investimentos para o próximo ano obras cuja soma ultrapassa a soma de R$ 1 bi, por meio da Goinfra. Rodovias deterioradas serão recuperadas e outras novas já licitadas ou em fase de licitação deverão ser iniciadas em breve.
O coroamento da luta nos três primeiros anos deste governo foi a assinatura de autorização, pelo presidente Jair Bolsonaro, para a adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), ocorrida no Palácio da Alvorada em Brasília, nesta sexta-feira (24), que dará uma folga nas contas do Estado nos próximos anos. Com isso, o Estado terá uma soma significativa de recursos para investimentos, já a partir do próximo ano.
“Acho que eu nunca assinei um documento importante como este, como governador”, disse Caiado em clima de descontração, ao assinar o RRF em clima descontraído ao lado do presidente Bolsonaro, observando ainda que a finalização da adesão foi o “melhor presente de Natal para o Estado”.
O clima descontraído em que transcorreu o ato de assinatura da adesão de Goiás ao RRF, na biblioteca do Palácio da Alvorada, nas presenças de outras autoridades, desfez o ambiente carrancudo surgido uma semana antes, com a declaração do presidente Bolsonaro numa live, de que não tinha pressa em assinar o documento. Bolsonaro até elogiou o governador Ronaldo Caiado pela iniciativa que, segundo ele, reequilibrará as contas estaduais, de forma ter recursos para investimento e crescimento.
Repercussão na eleição
A afirmação feita pelo governador Ronaldo Caiado na sexta-feira durante o ato de assinatura da adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), em Brasília, de que era o “melhor presente de Natal” a Goiás, pode ser considerado também como o melhor presente de Natal para o projeto de sua candidatura à reeleição no ano que vem. Existe um ditado no meio político segundo o qual “obras não ganham eleição”. Porém, a ausência delas pode perturba as campanhas eleitorais, sejam elas municipais, estaduais ou federal.
E quando o dinheiro público é bem aplicado de forma a não se permitir a abertura de brechas para a corrupção, a exemplo do que vem ocorrendo no governo Caiado, o recurso disponível resulta no atendimento de maior número de demanda por investimentos, sejam elas em obras físicas ou atendimentos na área social, por meio de programas de transferências de renda.
